Zé Lins: Engenho e Arte

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Zé Lins: engenho e arte

Desde que me dediquei ao ofício da crítica literária, tenho procurado estabelecer um diálogo com obras e autores de minha terra. Não importa se “maiores” ou “menores”. Se conhecidos e consagrados ou ignorados e esquecidos. Para mim, sempre me pareceu relevante conviver criticamente com a realidade literária local, sobretudo, quando esta realidade é posta no contexto maior e mais complexo da literatura brasileira.
Fiz isto sempre na dinâmica da crítica militante, também na esfera da sala de aula, nos tempos em que fui professor, e no caminho árido, porém, fascinante, da pesquisa acadêmica. Minha dissertação de mestrado se ateve aos movimentos de vanguarda, em particular sobre o grupo Sanhauá, que resultou no livro intitulado Sanhauá: uma ponte para a modernidade, publicado em 1989. A tese de doutorado, a seu turno, ampliando o objeto de estudo, focalizou a história da poesia na Paraíba, tendo se convertido em volume impresso, em 2001, com o título de Arrecifes e lajedos: breve itinerário da poesia na Paraíba.
Ao longo do tempo, movido pelos mesmos interesses cognitivos, outras obras publiquei, entre as quais destaco, por exemplo: A convivência crítica(1985), Os desenredos da criação (1996), As ciladas da escrita (1999), Vocábulos e veredas (2003), Os labirintos do discurso (2005), As luzes sobre as coisas: Ascendino Leite em foco (2008), O pó dos sábados, memória dos domingos: sobre Sérgio de Castro Pinto (2009), O caos e a neblina: Vanildo Brito e a Geração 59 (2011), Essa mecânica nefasta: o Eu e os outros (2014) e Ariano Suassuna: pelas pedras da poesia (2018).
Este Zé Lins: engenho e arte vai na mesma direção, no escopo de ampliar e elastecer esse corpus literário no âmbito da análise, da interpretação e do julgamento enquanto instâncias fundamentais da atividade crítica.
Produto de minhas colaborações jornalísticas e de meu ensaísmo crítico, são coligidos e organizados, aqui, num volume só, os textos que escrevi acerca do autor de Menino de engenho e da sua presença incontestável no quadro da literatura brasileira.
O romancista, o ensaísta, o cronista, o crítico literário, o autor e o personagem aparecem sob muitos aspectos, principalmente naqueles em que a tradição crítica e histórica se congela diante de certos preconceitos e estereótipos.
Digo isto porque vejo em Zé Lins um dos maiores escritores de nossa literatura. Um escritor que não é apenas um “contador de histórias”, nem simplesmente um memorialista. Mas, um escritor de estilo próprio e singular, detentor de uma visão de mundo somente sua, de um universo geográfico e simbólico somente seu. Como um Thomaz Hardy, um Proust, um Faulkner.

HBF

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Zé Lins: engenho e arte

Desde que me dediquei ao ofício da crítica literária, tenho procurado estabelecer um diálogo com obras e autores de minha terra. Não importa se “maiores” ou “menores”. Se conhecidos e consagrados ou ignorados e esquecidos. Para mim, sempre me pareceu relevante conviver criticamente com a realidade literária local, sobretudo, quando esta realidade é posta no contexto maior e mais complexo da literatura brasileira.
Fiz isto sempre na dinâmica da crítica militante, também na esfera da sala de aula, nos tempos em que fui professor, e no caminho árido, porém, fascinante, da pesquisa acadêmica. Minha dissertação de mestrado se ateve aos movimentos de vanguarda, em particular sobre o grupo Sanhauá, que resultou no livro intitulado Sanhauá: uma ponte para a modernidade, publicado em 1989. A tese de doutorado, a seu turno, ampliando o objeto de estudo, focalizou a história da poesia na Paraíba, tendo se convertido em volume impresso, em 2001, com o título de Arrecifes e lajedos: breve itinerário da poesia na Paraíba.
Ao longo do tempo, movido pelos mesmos interesses cognitivos, outras obras publiquei, entre as quais destaco, por exemplo: A convivência crítica(1985), Os desenredos da criação (1996), As ciladas da escrita (1999), Vocábulos e veredas (2003), Os labirintos do discurso (2005), As luzes sobre as coisas: Ascendino Leite em foco (2008), O pó dos sábados, memória dos domingos: sobre Sérgio de Castro Pinto (2009), O caos e a neblina: Vanildo Brito e a Geração 59 (2011), Essa mecânica nefasta: o Eu e os outros (2014) e Ariano Suassuna: pelas pedras da poesia (2018).
Este Zé Lins: engenho e arte vai na mesma direção, no escopo de ampliar e elastecer esse corpus literário no âmbito da análise, da interpretação e do julgamento enquanto instâncias fundamentais da atividade crítica.
Produto de minhas colaborações jornalísticas e de meu ensaísmo crítico, são coligidos e organizados, aqui, num volume só, os textos que escrevi acerca do autor de Menino de engenho e da sua presença incontestável no quadro da literatura brasileira.
O romancista, o ensaísta, o cronista, o crítico literário, o autor e o personagem aparecem sob muitos aspectos, principalmente naqueles em que a tradição crítica e histórica se congela diante de certos preconceitos e estereótipos.
Digo isto porque vejo em Zé Lins um dos maiores escritores de nossa literatura. Um escritor que não é apenas um “contador de histórias”, nem simplesmente um memorialista. Mas, um escritor de estilo próprio e singular, detentor de uma visão de mundo somente sua, de um universo geográfico e simbólico somente seu. Como um Thomaz Hardy, um Proust, um Faulkner.

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